Existem sonhos que não se pode esquecer e eu como muitos de vocês tenho um em especial , sei que todos conhecem bem um bombom chamado sonho de valsa ,pois este é o meu mais lindo fato de recordação.
Com carinho meu avô quando ia na cidade trazia um no bolso da camisa pra mim , fazia graças com ele dentro da mão abaixando e levantando, enquanto eu pulava para pegar podia notar o brilho que acompanhava o sorriso dele em ter aquele momento brincando comigo já que a vida na roça era de muito trabalho duro, do nascer ate o pôr do sol !
Lembranças sem igual ; o fogão a lenha e a espiga de milho assando sobre a brasa que nele se formava ,o galo cantando na comunheira da casa celebrando mais um dia ,a água fresca da bica que ia para o pote na cantoneira era a mesma que socava o arroz na casinha do monjolo,sendo este depois disso peneirado para ser cozido e é claro deixando formar no fundo da panela aquela rapinha crocante que não há como esquecer ... ha ha deu água na boca!
Dava - se para ouvir ao longe os ruídos das rodas do carro de boi que cortava o chão da estrada levantando poeira que no chapéu do peão assentava ,a molecada corria fazendo festa e brincava de esconder na plantação de mandioca do quintal no rancho de pau a pique coberto por folhas de buriti , ao anoitecer a lua era bela e o céu tinha muito mais estrelas,boa hora para sentar na banqueta do lado de fora no terreiro bem varrido e começar contar historias de assombrações vistas nas porteiras ,na beira da cisterna aonde não se havia rio esta era profundamente furada na terra matando a cede e suprindo outras necessidades pessoais,o prosa era boa por demais da conta a gente não queria que acabasse, mesmo abrindo e fechando a boca de sono ,dizíamos: conte mais,dai vinha o agora chega, ta na hora de dormir e nunca diga asneiras as seis da tarde porque são horas marianas e tudo pode acontecer,beba água antes de dormir e não brinque com o fogo pra não fazer xixi na cama.
A simpatia não podia ficar de fora : como cortar com machado o medo de caminhar batendo com ele na soleira da porta quando a mãe passava com sua criança dando os primeiros passinhos, entre esta havia muitos outros rituais como o costume de benzer ,tomar a benção dos mais velhos era primordial na educação dos filhos , embora hoje a época é bem diferente esta é uma tradição que eu não bani do ensinamento passado a minha prole.
Há fatos citados aqui que presenciei e outros não,pois vários vão ler e disser nossa eu vivi isto!
Eram tempos difíceis que portanto nos deixaram saudades e uma fascinante historia de vida !
A. Grazi